terça-feira, 15 de outubro de 2013

A maior flor do mundo Partilha de textos elaborados pelos alunos: Daniela


 A maior Flor do mundo
Texto elaborado pela Daniela
...
Logo na primeira página, sai o menino pelos fundos da quinta, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce ao rio e depois por ele abaixo, naquela vagarosa brincadeira que o tempo alto, largo e profundo da infância a todos nós permitiu...

 Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o planeta Marte, efeito literário de que ele não tem responsabilidade, mas com que a liberdade do autor acha poder hoje aconchegar a frase. Dali para diante, para o nosso menino, será só uma pergunta:

  “Vou ou não vou?”e foi.

O rio fazia um desvio grande, afastava-se, e de rio ele estava já um pouco farto, tanto que o via desde que nascera. Resolveu cortar a direito pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de campainhas brancas, e outras vezes metendo por bosques de altos freixos onde havia clareiras macias sem rasto de gente ou bicho, e ao redor um silêncio que zumbia, e também um calor vegetal, um cheiro de caule sangrado de fresco como uma veia branca e verde.

 Ó que feliz ia o menino! Andou, andou, foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de mato ralo e seco, e no meio dela uma inóspita colina redonda como uma tigela voltada.

Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta,e quando chegou lá acima,que viu ele? Nem a sorte nem a morte,nem as tábuas do destino… Era só uma flor. Mas tão caída,tão murcha,que o menino se achegou,de cansado. E como este menino era especial de história,achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali,no alto,nem pinga. Cá por baixo,só no rio,e esse que longe estava!...

Não importa.

Desce o menino a montanha,

Atravessa o mundo todo,

Chega ao grande rio Nilo,

No côÔncavo das mãos recolhe

Quanto de água lá cabia,

Volta o mundo a atravessar,

Pela vertente se arrasta,

Três gotas que lá chegaram,

Bebeu-as a flor sedenta.

Vinte vezes cá e lá,

Cem mil viagens à Lua,

O sangue nos pés descalços,

Mas a flor apreemeada

Já dava cheiro no ar,

E como se fosse um carvalho

Deitava sombra no chão.

 
O menino adormeceu debaixo da flor

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